Friday, May 04, 2007

Mariclara

Maria: Clara?!

Clara: Maria?!

Maria: Isso. Como esta?

Clara: Bem, pensando... Mas bem. E você?

Maria: Pensando também, em que você anda pensando?

Clara: Num sonho que tive, era um tanto erótico e... Bem, to me sentindo insegura em falar para Dra. Laura. Ando pensando em uma maneira mais amena para contar. E você, em que anda pensando?

Maria: Nos anos. To com medo.

Clara: Medo de que?

Maria: Dos anos, dos nossos anos. Sabe, me peguei pensando mais uma vez na morte, mas da morte eu não tenho medo não. Confio em Nieztch e como ele mesmo me disse, só se morre quando a vida acaba, e a vida só acaba quando não se vive mais, e eu ainda to bem viva vivendo.

Clara: Justo! Então, que anos e que morte?

Maria: Esses nossos anos, esse vinte e poucos anos e a morte desses. Um pouco antes de te ligar pensei em Alvares de Azevedo “Oh! O amor! E porque não se morre de amor... No respirar indolente de seu colo confundir um ultimo suspiro!”. Então, já se morreu de amor, existe algo mais besta que morrer de amor?!

Clara: Meu vô morreu de amor.

Maria: Que besta! Com que idade?

Clara: Com 31 anos.

Maria: Besta e novo. Como pode ser tão besta sendo novo?! Pois bem, que acha disso, de morrer de amor?!

Clara: Acho uma morte nobre.

Maria: Por quê?

Clara: Porque se morre por tão pouco. Sabe a Dulcinéia, que mora aqui em baixo?

Maria: Aham!

Clara: Matou a filha a colocando na maquina de lavar, que morte pouca! Ainda não a condenaram, mas eu bem sou amiga dela e de inicio fiquei assustada, depois ela veio falar comigo e vi que se arrepende. A pobre esta morrendo de depressão. Mas pensando na morte da menina, é pouco. Morrer de amor não, pelo menos amor não é utensílio domestico.

Maria: Verdade. Então, nossa idade, a morte e Alvares de Azevedo. Sabia que Alvares morreu com 20 anos? Castro Alves, aos 24; Casimiro de Abreu, aos 21...

Clara: Pensei que tinham morrido um pouco mais velhos. Maria, esses eram todos boêmios e não se lavavam. Morriam de tuberculose, pneumonia...

Maria: Eu sei Clara, mas eles pegavam essa doença de amor. É como a Aids hoje em dia!

Clara: Você é tão trágica Maria.

Maria: Eu sei.

Clara: Olha, nada disso justifica você ter interfonado para minha casa às 4 da manhã. Amanhã tenho minha analise às 8, tenho poucas horas de sono para reformular meu sonho erótico.

Maria: Desculpa, podemos dormir juntas? Eu desço praí. To com medo porque acho que to amando, e me sinto sexualmente atraída por Alvarez de Azevedo.

Clara: Mas segundo Nietzch, você ainda ta bem viva.

Maria: Eu sei, eu acredito no Nieztch, mas gosto do Alvarez de Azevedo também.

Clara: Vem dormir aqui. Traz papel e lápis!

Maria: Pra que?

Clara: Eu te conto meu sonho, modificamos algumas coisas para virar um romance, publicamos e ai tem a sua obra. Se realmente morrer de amor, pelo menos não será esquecida.

Maria: Acabará em morte?

Clara: Claro, senão não seria um romance.

Maria: Desço em 10 minutos, vou levar vinho, uma foto do Nietzch, uma do Azevedo e 2 velas.

Clara: Pra que?

Maria: Nada venderia mais que um romance erótico inspirado por vinho com Azevedo e Nietzch como protagonista.

Clara: A porta estará aberta.

3 Comments:

Blogger Mateo said...

NO ENTIENDO NADA!!!!

11:25 AM  
Anonymous Anonymous said...

eu entrei com um blog novo agora
por coicidencia vc veio falar comigo no dia em que "inaugurei" ele
mas nao deu tempo de te contar
te linkei, pra lembrar sempre de vir aki ler o seu
bjao
vitor

8:08 PM  
Anonymous Anonymous said...

Que pala... Gostei! xD

12:44 PM  

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