Tuesday, September 19, 2006

I once fell in love with you just because the sky turned from gray into blue

Cena da videoinstalação Segmento de Reta por Gisele Morra e Leandro Lima
Havia um calígrafo, como o do argentino Martin, escrevendo mensagens para meus clientes em minhas curvas.
Escrevia palavras tiradas do divino, um sermão, para levar aos padres com quem dormia.
Escrevi que o amava, entre as pernas, ele escreveu no meio dos seios que também.
Era mentira, porque com os padres também gostaria de dormir.

Ele me traiu, depois de me fuder, me traiu.
De nada foi viril, é mentecapto e isso bem lhe serviu.
Que me disse de nada vale,
Foi como um pré-meditado alibi.
Uma promessa me fez antes de partir
E como bom menino, sempre me fez rir
Desgraçado, filho de uma puta.
O êxtase me subiu pela cabeça,
Como iria conseguir com tanta tristeza?
Já não havia mais beleza
Hahaha!
Mas só me abraçou com as pernas, vi que das suas mãos não era digna.
Passei de uma amiga com fama
Mas senti que se houvesse me jogado na lama
Me deixei ser usada.
Quem nunca deixou que jogue a primeira pedra.
Pena!
Algo tão sublime
Tivemos que esconder parecendo crime.

A frase de minhas costas, escrita pelo outro, não deixei tirar.
Não deixei que fosse com sua tinta mágica, sim, a que depois que dormíamos apagava, como se tudo que tivesse passado fosse uma brincadeira. Essa, mandei que escrevesse com tinta anil, sob a pele, com o brilho do ouro, consistência da prata e a tonalidade do bronze.
E ela dizia:

La verdad te hará libre.

Quem sabe distanciar a vida da escrita?
A escrita é a vida profunda, pensada e repensada, apagada e amargurada, fantasiada com prazer.
A escrita é a dádiva!
Escrever reescreve o apagado, mas depois que a escrita é escrita não tem volta.
A escrita é para amores e para desamores, assim como para profetas e para hipócritas. O argentino bem sabia, falava tudo isso dentro da minha boca e com a língua, como a tua, eu escrevi e ainda escrevo, não te amei.
O leitor é quem é o perigo do texto pragmático. O autor, no caso eu, só escrevo e estruturo do modo que quero, escondo meus significados e deixo meus significantes nus.
Cuidado com o que você lê, cuidado com como você lê.
Minha prece é para a hermenêutica.
It was a good friday
the street were open and empty

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Quem nunca escreveu algo no corpo de alguém?!
Bom demais, Nina, esse texto ficou um chuchu! Amei amei...
Vamos fazer o que no fim de semana/meio da semana/essa semana/esse mês?
Beijo

8:29 AM  
Anonymous Anonymous said...

Nina, tu ta gostosa!

6:29 PM  
Anonymous Anonymous said...

to meio confuso, o texto tem um "estetica" muito boa, uma entonação legal. mas eu não compreendi muito, acho que tb não tenho idade pra ler esse seu texto hehehehe.
mas com certeza, quem entende vai acha-lo incrivel

5:55 AM  
Anonymous Anonymous said...

eu quero escrever mil coisas. quero desenhar. mto! desenhar nas coxas, nas costas. desenhar na nuca.. e escrever entre os desehos q só eu posso criar naquele corpo. só eu. só! tudo preto e cor de pele sem mais nenhuma cor. e q hermenêutica q compreenda pq eu quero tanto desenhar demônios e castelos hj qdo amanhã vou querer anjos e aves.quero criar meu josé arcadio e fazer q a sua força dos niños en cruz seja pelos meus desenhos, das minha pinturas. cris, eu quero desenhar no francês, no japonês, no marroquino, no cubano, no alemão... kkkkkkkkk vou acabar me contentando c o papel.
enfim, tive uma epifania devido ao texto. imaginei um padre q anda todo coberto do pescoço aos pés tendo d se despir p q vc escrevesse mais sobre ele. é algo meio 'memento' mas é sexy.
droga; eu quero desenhar!

6:03 PM  

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