Sunday, April 29, 2007

Oh moça do Banheiro!

Uma das milhares desvantagens em ser mulher é ter que fazer xixi sentada.
Existem varias situações chatas, desconfortaveis ou até mesmo engraçadas que podem acontecer com o simples fato biologico da necessidade de sentar para fazer xixi.
Por exemplo, logo de manhazinha quando nos levantamos para fazer xixi, saimos do quentinho da cama para pisar no chão frio do banheiro e sentar naquela privada fria e desconfortavel. Outra situação horrivel são banheiros publicos. Todo namorado, marido e amigo sabe que mulher tem que ir no banheiro de 2 em 2 horas no minimo, nossa bexiga aguenta no maximo 300ml, e isso muitas vezes nos obriga a usar banheiros publicos, ai a solução é de duas uma, ou você faz xixi em pé, que é super descomfortavel mas mais higienico, ou voce "forra" o vaso e senta, que é um pouco mais comfortavel mas menos higienico, nunca se sabe quem sentou naquela privada antes. E dependendo do aperto, ainda corremos o risco de não ter papel higienico no banheiro, e é aqui que entre a minha experiência engraçada.
Minhas 2 horas ja tinham passado, e a saga por um banheiro publico foi terrivel. Estava no shopping, mas numa ala que mal conhecia e só depois de ter dado umas 3 voltas olimpicas na ala vejo a plaquinha com a seta apontando para o canto direito: SANITARIOS -->
Vi o primeiro box aperto, por sorte estava limpinho, e entrei. Eu sou praticante da modalidade xixi em pé em banheiros publicos, então lá estava eu "tirando a agua do joelho" quando escuto uma voz seca, dos seus 64 anos de idade:
-Oh moça do banheiro, oh moça do banheirooo!
E ninguem respondia a senhora.
A clemencia continuava:
-Oh moça, oh moçaaa!
Nada.
-Oh moça do banheiro.
A pobre senhora necesitava de alguma ajuda, então assim que terminei minha satisfação, puxei descarga e fui ver o que a senhora queria. Ela estava com a porta do seu box entre abertava e notei que era praticante da modalidade fazer xixi sentada - realmente espero que a privada estiva forrada -. Pela fresta da porta nos fitamos e eu disse:
- A senhora precisa de algo?
- Ah minha menina, sim. Eu to sem papel aqui.
- Ok, espera um pouco.
Fui no meu ex box que ainda estava desocupado e peguei um rolinho.
- Oi, aqui esta.
Ela sorriu graciosamente e disse: - Obrigada.
Ai sim, depois de ter socorrido a voz seca, fui lavar a mão e ver minha cara no espelho e tb dar uma checada no cabelo. Reforcei no lapis de olho.
Estava saindo quando a encontro saindo do seu box. Sorri!
- Ah, desculpa viu, eu pensei que a moça do banheiro estava aqui.
- Não, não tem problema não... eu ja passei por algo parecido.
- Mas foi engraçado eu gritando Oh moça do banheiroooo!
- Hahaha foi sim!

Seja como a Elaine do Seinfeld, compartilhe aqui suas historias constrangedoras de banheiros publicos:

Thursday, April 19, 2007

Lady Lucre e afins


O relógio dizia 12h quando o apito soou e me despertou.

Escutava no fundo aquele zunido pensando ser a policia mineira fazendo mais uma ronda inconveniente no meio da madrugada, mas o zunido não se afastava. Que estariam fazendo na porta da minha casa esses tipos? Depois de uma eternidade percebi que era o leite na chaleira que apitava e com certeza já tinha isso boa parte.

Despertei e constatei minha estupidez em colocar leite para aquecer as 12h, estava morta e agora teria que esperar mais os eternos 15 minutos para o leite ficar bebível.

Quando se esta morto tudo é eterno e real.

Levantei cambaleando, o vento frio da lajota me fez arrepiar, e andando como uma bêbada que acabara de limpar seu estomago, fui em direção a cozinha, sendo guiada pelo apito da chaleira que continuava no mesmo compasso.

Via duas chaleiras e dei eternas piscadelas até que as duas se juntassem e formassem uma só chaleira, sob um só fogão. No meio desse embaçado formiguento, vi que a chaleira borbulhava leite, mas o fogo estava apagado e Chunga lambia as bolhas de leite prismaticas que derramaram no chão sem perceber minha presença.

Eu apreciava o gatinho que com um sutil coçar de meu nariz, se assustou e tropeçou bolha adentro, se aconchegou na bolha do leite e lá ficou.

Eu que me senti injustiçada pelo gato poder esta dentro da bolha prismatica de leite e eu ter que esperar mais 15 minutos para bebê-lo, sentei no balcão da cozinha esperando o leite barulhento esfriar.

Faltavam 15 minutos para tomar meu leite quando me senti incomodada do gato ainda estar dentro da bolha e do apito ainda apitar. Realmente era a policia mineira que estava em minha sacada, abri os olhos e voei até a porta que ao abri-la vi a cabeça de Olavo de Carvalho borbulhando em leite – merda, todos tem seu leite e o meu faltam 15 minutos. - estranhamente a policia mineira estava vestida de vermelho e me recitavam uns mantras que me exalou nostalgia porque recordei de minha infância em Salamanca nos parques de diversão perto da casa da vó Leila.

Fixei na imagem de Olavo, como queria esganá-lo por ter seu leite! Foi como se a policia tivesse zunindo em minha cabeça e meu desejo foi uma ordem, espancaram o pobre Olavo até que seu sangue derramasse azulado e manchasse meu tapete da frente de azul.

Sempre achei que Olavo combinaria com o azul, ressaltou seus grandes olhos claros que me fitavam na expressão “que essa menina besta com uma camisa velha de super heróis esta fazendo me olhando, não deveria tomar seu leite?”. Com raiva, gritei: Me faltam 15 minutos!

O relógio da sala dizia 12h quando fechei a porta angustiada pela presunção de Olavo em me julgar sem ao menos me conhecer.

Voltei à cozinha e Chunga havia aspirado bolha adentro, e com o estomago circuferencialmente dilatado me disse:

- Eles estava envolvidos com uma gangue, depois que eles o mato o outro queria defende. Agora ta lá na papuda, e vó quando escuto desmaio, veia besta num dá educação prus filhus e qué que us netu sejam príncipes. Ladrão querendo defender vitima, só nesse Brasil mesmo!

- Chunga o problema é educação, depois se fala em democracia, o povo que escolhe, mas povo é besta igual a vó.

Escutando “educação” Lady Lucre entrou na cozinha, que era antagônica a sua real presença, exilava mirra e tinha a sensualidade dos quadros de Klimt que faziam parte do acervo da adega. LL falou solenemente:

- Chunga bêbada de leite e tu com a camisa curta de super heróis que o outro te deu de presente. Se não sou eu a peça chave dessa casa! Já viu quem esta a porta?! Olavo! Escutei uns apitos e quando vi que não era o teu leite, logo pensei que fosse a policia mineira que fazia mais uma ronda inconveniente pela nossa frente. Ali vi Olavo e os seus conversando trivialidades. Depois de uma eternidade ele notou minha presença, virou pra mim e disse: “Nesse mundo quem não esta vivo esta morto. Sabe como antes eles esperavam para entrar em Canaã? Então, hoje é chamado de Nova Jerusalém, e você Lady Lucre vê as pessoas andando por ai mas elas estão mortas, porque quem não tem o conhecimento de Deus não tem vivente espiritual, amanhã morre morrido ou matado e acabou. Ela morreu ontem e lá estava o Arruda, que fechou a Casa Candango, mas estava lá no enterro recitando palavras frias, como os mantras dos parques de diversão, um chorava porque era parente e outro porque não era, todos fingindo viver. A vida é uma só, Lucrecita, ou você vive, ou te mato agora.” Assim resolvi deixar vocês, estou indo agora mesmo, não quero mais esse leite.

Chunga não mexeu um pêlo, escutou a realeza e só me olhou.

Eu olhei pra Chunga, olhei pra Lucre e disse:

- Vou contigo Lucre, só espere 15 minutos para meu leite esfriar.