Wednesday, August 30, 2006

O ser não existe


Sebastião,
Tem 41 anos Sebastião.
Terá que amputar as pernas Sebastião.
Começou a trabalhar aos 11 e me abordou na rua em meus 21.
11 mais 21 menos as duas pernas amputadas são 30 e essa é a idade da mulher.
Me abordou falando Deus, e ao meu lado só afagou o ateu.
A percepção primeira foi de medo e mal cheiro.
O toque enchia de preconceito.
O mal cheiro de preceitos.
Do bem era.
Mal vivido, mal amado, desgraçado.
Fé ele tinha como primazia e era mais evidente que sua falta de dente.
Uma musica triste cantada por John Coltrane.
Um ateu e uma fé.
Sebastião, sou sua filha de Deus.
Sebastião, uma filha de 21, um ateu de 23 e um pai de 41.
Num infinito vasto.
No deitar orei por você e por mais duas pernas.
Orei pelo meu ateu amado.
Sebastião meu amor, essa é nossa união.

Wednesday, August 16, 2006

They said so


They judge, they will keep judging, they always will, and wont never stop.
Dont you ever tell who you are.
Dotn you ever tell you intimacies.
Remenber, stay in a constante state of departure while always arriving.
Always hesitate to give an important information, and make it noticeable.
Dont tell your past, your present and never tell a word about the most important of all, your future.
The most importante thing you have is your dreams. Once you tell them that, you let them fuck up with you.
Dont you let they create expectation on you.
Dont you let them admire you, and if by any chance, they do, let them know that you can always be a shithead, that you can lie, that you can have the worse hang over.that you´ve cheated, that you are simply, and only, a human and you can do, whatever the fuck shit there is for a human to do.
There is always forgiveness.
Attention only, that doesnt mean that you will do it, but let them know that you CAN.
Do all that and make sure you do it the other way around too.
Do not put expectation on them.
Most depressive, frustrated people I know had high expectation on them.
That is tedious.
But remeber, whatever you do, dont be bored.Enjoy life and let it enjoy you.

Saturday, August 12, 2006

Roa as unhas.


Um tal já me pegou chorando, também pudera, não é nada raro me pegar chorando.
Haviam duas velhinhas de antiquários presentes, me enchendo de culpa por ter deixado um tal me ver chorar e tentando inibir cada suspiro meu.
A tentativa foi em vão, a verdade é que mesmo a pessoa mais tímida ou a mais segura, quando deixa alguém vê-la chorar, já não pode mais parar. Ás lagrimas não se pode conter, elas tem vida própria e quando se deixam ser vistas por outra íris, fazem um pacto de intimidade com as mesmas, e mesmo que se tente escondê-las, elas saem, caem, transbordam queimando as pálpebras, gerando dor de cabeça e inchaço no rosto. Escorrem pelo nariz e pela boca, ressecando as maçãs.
Um martírio feito pelo mais bem qualificado carrasco. Que te obriga a confessar em silencio seus pecados. Cada lagrima é auto-explicativa, cada uma tem seu parágrafo, e o choro a sua própria retórica. Cada suspiro abafado é uma pausa, um ponto, onde se toma fôlego para recomeçar.
Um tal me olhava, e as velhinhas pararam de tentar me inibir. A reação era outra, minhas lagrimas também fizeram o pacto com suas íris e agora éramos cúmplices, mas um tal, esse a nada compreendia. Senti que mal conseguia ler meus parágrafos, e não entendeu minha retórica, mas seu silencio foi necessário.
Alguns do bar me olhavam, e pensavam no precedente da bebida, era bem claro para mim isso, que até me senti mais comportável, antes fosse bebida.
As velhas pagaram sua conta e eu voltei e eu fiquei lá com ele, no mesmo canto roxo que estávamos, sem falar nem nada.
Passando um tempo, quando já sentia menos peso, ele me escoltou até a saída do café, e na saída havia um biombo de madeira talhada, que ora pareciam anjos e outra pareciam homens em batalha. Sorrimos.
O abraço foi demorado, mas foi limpo, sem lagrimas, sem paráfrases. Foi chocolate amargo.
Em casa fiz um chá preto, fumei um malboro light e me deitei.
Nunca houve, até então, uma melhor dormida depois de um termino de namoro.