Thursday, December 28, 2006

Me foi.


Eis um achado.
Que elas existem, existem, mas nada nem ninguém pode explicá-las.
Elas estão aqui dentro da minha cabeça, latente, expandindo minhas analises e dificultando minha compreensão.
O circo então se fez. A confusão dos palhaços é o ato. Picadeiro cheio, todos de cara pintada, sapatos largos, macacão extravagante, bocas grandes e avermelhadas, cara pálida, olhos esbugalhados, nariz, que mesmo mentiroso, redondo e vermelho. Tem o gargalhada, o tristeza, e no meio de tanto espanto, alegria, medo e todas antíteses, eu, eu mesma, me encontro naquela cena, atrás de uma verdade que seja.
Me basta uma cena bem descrita, com cores e disposição de personagens, para me perder nessa imensidão de incertezas, de duvidas e da certeza desse universo inexplicável, convicção de que a criação é perfeita para Deus, mas que para mim, falta explicação.
Não é questionamento, BEM me conhece, tampouco atrevimento.
É algo que nem eu bem sei, mas algo, que como disse, latente, que me faz perder horas no meio dessas palavras, letras e pontuações, tentando achar coerência em alguma sentença que me dê uma verdade.
Nem quero explicação, só uma verdade, uma verdade absoluta, basta! Chega das empíricas que nos põem!
Esse é meu medo, perder a esperança e pedir tão pouco, como uma verdade absoluta sem EXPLICAção, algo que me farão ENGOLIR a seco, sem um leite para digestão. Isso me vai contra a evolução, contra a necessidade NATA do ser humano de explicação para um mínimo de compreensão, e, talvez, uma PARCIAL aceitação.
Será transgressão essa suposição?! Ou será ascensão a própria questão?!
Tanto lirismo que não me serve para nada, só me enche os olhos de lágrima e me põe a cabeça atormentada.
Chula rima.
Um dia me disseram para não pensar tanto, senão acabaria no pranto.
Me nego a seguir esse conselho, porque do pouco que me resta são os pensamentos. A esperança de que um dia eles me serviram de algo, e me quitarão A Agonia.

E digo: – QUE VENHA O ANO!

Sunday, December 03, 2006

O conto.

O caso é que se perdeu. Perdeu-se e eu não pude achar.
Por mais que tenha procurado em todos os lugares, mesmo no intimo de um cangaceiro, no chapéu de palha, numa genitália, na minha calcinha, em Marte como em Vênus de Botticelli, não pude achar.
Acho que me deixou, me deixou com propósito, o acaso lhe falta, então, suponho certamente, que foi com propósito.
Mesmo assim me indaguei, mas não tive respostas.
O meu medo querido, o meu medo, é que eu o tenha afugentado e o deixei escapar sem saber para onde ia, e quando me dei conta, quando me veio a vontade de vê-lo, vi que não estava lá.
O que me tira o sono meu bem, é o fato de pensar que o joguei fora, e não me lembrar.
Será que o joguei fora?
Todos matam as suas personagens, talvez eu o matei!
Mas não me lembro... Merda!
É o drama, você sabe bem disso. Foi a outra, aquela outra que sempre vem me pagar uma visita. Foi ela! Sei que foi.
Só pode, lembro de tê-lo guardado e como me some assim, sem mais nem menos?
Bem, não vou encontrá-lo, independente de como o perdi, se realmente se foi, se o matei, se esta escondendo ou se desapareceu terei que viver sem ele.
Ou, até mesmo, poderei até fazer outro, encontrá-lo pronto, quem sabe até engravidar de um... Mas não será o mesmo, aquele que se foi nunca pode ser refeito do mesmo.

A verdade amor, é que não entendo esse meu anseio, porque na realidade, mal lembro de como era, creio que seja apenas aquele momento em que eles dizem, que somente se da a importância devida quando se perde, mas isso é o que ELES dizem...
Mudando de mito, devagar me canso dessa exaltação, desses anseios, de procurar, de achar, de ser procurada e de ser encontrada.
Quero que termine, que chegue minha hora. Basta de esperar!
Minha hora, onde tuuudo se apascenta, e só assim minha vida terá mais sentido. Sabe, aquele patamar elevado, meu ponto progressivo de ascensão, minha clemencian, minha loteria, meu prozac, meu chulo nirvana.
Agora à poesia. Oh pedaço de mim, que me cega nessa neblina futurista, que clama pela pressa dela, que me esconde do passado antes dela.
Oh pedaço de mim, que me instiga, me da base e sustentação, freqüência e estrutura, e me inunda de prazer e me alimenta entre as vacas magras.
Obrigada pela calma e pelo esperar, pelo ilícito e sono, pela fé, graças a ela me mantenho viva.
Grazie.